"A revolta da vacina no Rio de Janeiro: análise das implicações sociais, políticas e de saúde pública"
Nenhuma Miniatura disponível
Arquivos
Data
2024
Autores
Barros, Romário Pereira de
Título da Revista
ISSN da Revista
Título de Volume
Editor
Universidade Federal do Espírito Santo
Resumo
No século XIX, a Europa passou por um intenso processo de urbanização, especialmente nas grandes cidades industriais como Paris. Sob o comando do prefeito Georges-Eugène Haussmann, Paris foi radicalmente transformada através do redesenho de suas ruas, demolição de áreas densamente povoadas e construção de novos edifícios e avenidas. Essas mudanças buscavam modernizar a cidade, melhorar o fluxo de pessoas e bens, e facilitar o controle do governo sobre a população. David Harvey, em sua obra "Paris, Capital of Modernity", explora como a Haussmannização não apenas remodelou a geografia física da cidade, mas também reconfigurou suas relações sociais, políticas e econômicas. As reformas parisienses foram emblemáticas de uma era de modernização urbana em toda a Europa, que serviu de modelo e inspiração para outras cidades ao redor do mundo. No contexto específico do Rio de Janeiro, as reformas urbanas foram fortemente influenciadas pelo modelo parisiense. O prefeito Pereira Passos, inspirado nas transformações ocorridas em Paris, implementou um programa abrangente de modernização urbana que ficou conhecido como "bota-abaixo". Esse programa envolveu a abertura de avenidas, o alargamento de ruas, a demolição de cortiços e a criação de novos espaços públicos. Líderes políticos e intelectuais acreditavam que a modernização urbana colocaria o Rio de Janeiro no mesmo patamar das grandes capitais europeias, conferindo-lhe prestígio internacional e atraindo investimentos e imigrantes. Beatriz Jaguaribe, em "O Choque do Real: estética, mídia e cultura em tempos de globalização", argumenta que as políticas de urbanização no Rio de Janeiro refletiam uma aspiração de modernidade e progresso, mas também exacerbavam as desigualdades sociais e raciais. A saúde pública e as políticas de vacinação são temas centrais no estudo das intervenções estatais para a promoção da saúde e a prevenção de doenças. A Revolta da Vacina de 1904 é um evento emblemático que ilustra os desafios e controvérsias envolvidos na implementação de políticas de saúde pública. Michel Foucault, em "Vigiar e Punir: História da Violência nas Prisões", discute como o Estado utiliza a saúde pública como uma forma de biopoder para controlar e disciplinar a população, através de medidas como a vacinação obrigatória. Luiz Otávio Ferreira, em "Oswaldo Cruz e o Controle da Febre Amarela", descreve como Oswaldo Cruz liderou campanhas de saneamento e vacinação que foram essenciais para controlar epidemias como a febre amarela. Gilberto Hochman, em "A Era do Saneamento: As Bases da Política de Saúde Pública no Brasil", explora como essas políticas foram implementadas no contexto brasileiro e os desafios enfrentados. A Revolta da Vacina de 1904, ocorrida no Rio de Janeiro, foi uma resposta popular significativa contra a vacinação obrigatória imposta pelo governo de Rodrigues Alves e executada por Oswaldo Cruz. A resistência popular era alimentada por fatores culturais, sociais e econômicos, além de uma desconfiança generalizada em relação às intervenções governamentais. Gagliardi e Castro destacam que a obrigação da vacinação foi utilizada como pretexto pela oposição ao governo para se rebelar, refletindo disputas políticas e um profundo descontentamento com as condições de vida da população. A revolta teve início em novembro de 1904, com a fundação da Liga Contra a Vacina Obrigatória e manifestações que culminaram em embates violentos com a polícia, resultando em mortes, feridos e destruição significativa na cidade. A insatisfação popular não se limitava à vacinação obrigatória, mas também refletia as precárias condições socioeconômicas e a falta de diálogo entre governo e população. As medidas sanitárias, vistas como autoritárias e invasivas, intensificaram as tensões sociais e políticas, culminando em uma revolta que evidenciou a distância entre as elites dirigentes e as classes populares. Em suma, a Revolta da Vacina de 1904 exemplifica a complexa interação entre ciência, política e sociedade, destacando a importância de considerar as sensibilidades e os direitos da população na implementação de políticas de saúde pública.
Descrição
Palavras-chave
Revolta da vacina , Vacinação obrigatória , Rio de Janeiro , Saúde pública
Citação
BARROS, Romário Pereira de. "A revolta da vacina no Rio de Janeiro: análise das implicações sociais, políticas e de saúde pública". Monografia (Graduação em História): Vitória, 2024.