Novos documentos depositados
Como viver junto? Como se fazer bando? Questões disparadoras dos ensaios que compõem esta coletânea. Singularmente, cada um dos autores oferece ao leitor uma perspectiva quanto aos modos de vivermos juntos e subjetivarmo-nos no meio urbano, em meio às cidades, suas complexidades e paradoxos. Registros escritos e fotográficos dizem e fazem ver esse processo nas vidas anônimas, em suas lutas cotidianas, visíveis e invisíveis, ruidosas e silenciosas, e nos incitam na certeza de que é preciso pot...
Os capítulos de Sociedade & cultura: experiências intelectuais na modernidade, escritos por diversos especialistas no tema, delineiam o entrelaçamento entre teoria social e estudos da cultura, cujos resultados podem advir da reflexão sobre a própria teoria já existente, ou mesmo da prática de pesquisa, seja de agentes, individuais ou coletivos, como os intelectuais, seja de movimentos culturais e políticos, seja de instituições, a confrontar práticas e imaginários estabelecidos nas diversas e...
Ucideia, palavra inventada, um quase anagrama sonoro de odisseia, que batiza e baliza um vasto território, dentro do qual se move o poeta, esse ser em constante exílio em sua própria terra e em terra alheia, a ser conquistada e palmilhada, passo a passo, num périplo sem bússola, mapa ou GPS, mas apenas armado com a cara e a coragem, a carapaça e puãs do seu animal totêmico: o caranguejo uçá, aqui, U’SA, acolá. Poesia de contato, de trânsito entre línguas e culturas, que flagra, com farta dos...
A peça Sentença é uma obra de impacto: não só pela temática necessária e contemporânea, em que o assédio, o abuso, o estupro, a violência contra a mulher, o suicídio e outros temas de abordagem difícil, porém premente, saltam desde a primeira cena, mas também por se manter na memória, dadas a estruturação e a apresentação do texto. Fragmentada, mas sem perder a coesão; metateatral, sem abrir mão da fccionalidade; educativa, sem ser moralizante, a peça parece encontrar um meio-termo adequado p...
Memórias, laços familiares e vidas interrompidas anunciam um fim que, tramado há muitas gerações, só pode ser traduzido numa descendência em ruínas: um futuro entre escombros. Se fosse uma casa, ninguém sairia ileso desse desabamento-promessa e, antecipando as cicatrizes, carregaríamos ao menos um arranhão, um tombo, um escorregão, para nos salvar duma queda mais ou menos leve ou fatal. Indolor, jamais. Assim é o encontro com as narrativas de Lúcia Nascimento. Nestes contos, maternidade...
Uma obra literária juvenil que possa ser contemplada em um prêmio como este — o IV Prêmio Ufes de Literatura — talvez seja, antes de tudo, uma obra em que se reconheça o manejo hábil e criativo dos recursos linguísticos, que dialogue de maneira não submissa com a tradição literária (particularmente, com a tradição juvenil, na qual se inscreve), que desperte a atenção de um (potencial) leitor em formação para as relações íntimas em sua articulação com as dinâmicas sociais nas quais toma parte ...
Vencedor do IV Prêmio Ufes de Literatura de 2019 na categoria Literatura Infantil, As cores de Tó é um livro de leitura fundamental: precisa ser lido em todos os cantos do mundo por crianças e principalmente por todos os adultos. O livro de Flávia Ribas e Carmen San Thiago é inspirado num relato de Débora Noal, psicóloga da organização Médicos sem Fronteiras, acerca de uma atividade com crianças promovida no Sudão do Sul. Este comovente livro mostra ao mundo o olhar de uma criança que, em me...
Ao optar por uma estratégia de composição que privilegia o diálogo entre gêneros distintos — ficção e não ficção —, e ao apostar numa narrativa fronteiriça, em que ensaio, biografia e romance se cruzam, Vanessa Maranha constrói uma história marcada pela ambiguidade, a exigir do leitor o exercício da invenção na construção de sentidos possíveis. Dominam esse universo limítrofe mulheres fortes — Elizabeth Dalloway e Virginia Woolf —, que desafiam expectativas patriarcalistas, num enfrenta...
Este artigo apresenta dois posicionamentos teóricos possíveis frente à questão da objetividade jornalística: a intersubjetividade (MEYER, 1989; SPONHOLZ, 2009) e a objetividade como ritual estratégico (TUCHMAN, 1999). Por meio de revisão crítica de literatura do gênero narrativa, é possível observar que esses são dois caminhos possíveis e bastante distintos para se responder o que está em jogo quando o jornalista reivindica a objetividade para si. No primeiro, é preciso discutir, antes de ...