As universidades brasileiras e a indução estratégica da pesquisa : o comprometimento da autonomia científica

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Data
2016-09-21
Autores
Ribeiro, Daniella Borges
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Editor
Universidade Federal do Espírito Santo
Resumo
Este trabalho tem como objetivo geral analisar de que modo a direção dada à pesquisa científica no Brasil, por meio dos editais de fomento à pesquisa do CNPq, tem afetado a produção de conhecimentos nas universidades, verificando a existência ou não de um comprometimento da autonomia científica. Trata-se de uma pesquisa documental realizada a partir de dados sobre as pesquisas que obtiveram financiamento do CNPq entre os anos de 2011 e 2014. Neste período, foram divulgados 135 editais de apoio à pesquisa por esta agência de fomento, sendo submetidas 93.367 propostas e aprovadas para fins de financiamento 24.450 (26,2%). Dos 135 editais pesquisados, 105 (77,8%) exigiam a titulação de doutor para a submissão de projetos, 128 (94,8%) eram abertos às instituições privadas (com ou sem fins lucrativos) e apenas 05 editais (3,7%) eram específicos para estabelecimentos públicos. Dos 24.450 projetos de pesquisa aceitos para financiamento, 10.724 (43,9%) foram submetidos por instituições localizadas na região sudeste e 5.670 (23,2%) no sul, sendo a USP, UFRJ, UFMG, UFRGS e UNESP as universidades com o maior número de propostas aprovadas. A grande área do conhecimento que obteve o maior quantitativo de projetos aceitos foram as ciências agrárias, com a aprovação de 3.895 (15,9%) projetos. Dos 135 editais estudados, em 126 (93,3%) havia o direcionamento do tema a ser pesquisado. Consideramos que a diferenciação institucional; a diversificação das fontes de financiamento para a produção de conhecimentos (com a disseminação da ideia de que as universidades possuem autonomia para captarem recursos no mercado); a assimetria regional e a indução realizada pelo Estado quanto às áreas e os temas a serem pesquisados comprometem a autonomia científica em nosso país. A produção de conhecimentos que poderia potencializar a satisfação das necessidades dos trabalhadores brasileiros encontra-se subordinada às necessidades da produção e do mercado em sintonia com os anseios da burguesia internacional, corroborando o nosso lugar de país periférico e dependente na economia mundial.
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Palavras-chave
Production of knowledge , Higher education policy , Science, technology and innovation policy , Scientific autonomy , Produção científica , Autonomia científica , Produção de conhecimentos , Política de educação superior , Política de ciência, tecnologia e inovação
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